ASPRA NA GLOBO

17/10/2016 23:46

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17/10/2016 20h12 - Atualizado em 18/10/2016 08h22

Faltam salva-vidas e equipamentos na orla do Recife, denuncia associação

Aspra-PE fiscalizou nove postos de salvamento nesta segunda (17).
Falhas farão parte de um documento que será entregue ao MPPE.

 

Thays EstarqueDo G1 PE

 
 
 

Cinco dias após pai e filho terem morrido por afogamento na orla do Pina, na Zona Sul do Recife, a Associação de Praças Policias e Bombeiros Militares de Pernambuco (Aspra-PE) realizou uma fiscalização nos postos de salvamento das praias da região, na manhã desta segunda-feira (17). O objetivo era constatar se o serviço está pronto para o aumento da demanda na alta estação. Mas há alguns problemas. Dos nove postos vistoriados, dois estão desativados por ausência de pessoal. Outras irregularidades, como falta de kit de salvamento e moto aquática, também foram denunciadas. [Veja vídeo acima]

As informações coletadas pela associação farão parte de um documento que será entregue ao Ministério Público de Pernambuco (MPPE) na terça-feira (18). A checagem começou no posto de salvamento localizado em frente à Praça de Boa Viagem e foi até a plataforma de observação que fica no Primeiro Jardim. Nos 3,9 quilômetros percorridos, os integrantes da associação encontraram falhas.

Faltam salva-vidas e equipamentos na orla do Recife, diz associação (Foto: Thays Estarque/G1)Boias de resgate estão com fissuras e sem corda
(Foto: Thays Estarque/G1)

Os postos 7, na altura da Rua Bruno Veloso, e 4, no Segundo Jardim, estão desativados, pois o número de bombeiros seria insuficiente, segundo a associação. Com isso, a área descoberta de salvamento chegaria a um quilometro de distância. Além de estar quebrado, o posto 3 só conta com um bombeiro, quando teria que ter, no mínimo, dois.

“Esses postos que estamos vendo são bem preparados e de grande utilidade, mas estão fechados, parados. Isso é decepcionante para nós. Principalmente hoje que é um dia de feriado com a praia cheia, movimentada, e não vimos nenhum salva-vidas aqui”, apontou o presidente da Aspra-PE, José Roberto Vieira.

Ouvidos pelas associação, os bombeiros do posto 6 disseram que a falta de efetivo era o principal motivo para o não funcionamento do posto 7. “Nós estamos há 10 anos sem abrir vagas para o Corpo de Bombeiros. Agora foi que contrataram 300 pessoas. Isso não é suficiente. Hoje nós temos só 100 para atender a toda a orla da Região Metropolitana”, disse José Roberto Vieira.

Kit de salvamento dos bombeiros (Foto: Paula Costa/Aspra-PE)Dos novo postos visitados, apenas o 5 contava
com o kit de salvamento
(Foto: Paula Costa/Aspra-PE)

Com equipamento de respiração manual, tala para imobilização e colar cervical, o kit de salvamento é um item crucial usado pelos bombeiros. Dos nove postos fiscalizados, apenas o 5 tinham esses materiais. Não foram encontrados durante a visita coletes de salva-vidas, 'repelente de tubarão' e sinalização indicando a posição do posto.

Há ainda só uma moto aquática para todo o estado. “Os bombeiros que trabalham aqui na orla não têm condições. A estrutura correta seria contar com um auxilio da moto-resgate, que é para apoiar o salva-vidas durante um afogamento. Há uma comunicação via rádio para que esse salvamento ocorra o mais rápido e preciso possível. Nós tínhamos cinco motos aquáticas e agora só temos essa”, completou José Roberto.

As boias de salvamento conseguem resgatar até três pessoas. Elas estavam repletas de fissuras e sem as cordas, essenciais durante a operação. “A boia teria que ter essa corda. Há setores da orla em que nem a corda existe”, lamentou.

G1 entrou em contato com o Corpo de Bombeiros de Pernambuco e aguarda resposta sobre as denúncias da associação.

Faltam salva-vidas e equipamentos na orla do Recife, diz associação  (Foto: TV Globo/Reprodução)Com medo, Michele não deixa a filha entrar em áreas sem salva-vidas (Foto: TV Globo/Reprodução)

Preocupação
Famoso ponto turístico do Recife, as praias de Boa Viagem atraem muita gente, sobretudo nos fins de semana e feriados. Além da preocupação com os ataques de tubarão, banhistas temem entrar na água pela falta de salva-vidas.

A psicóloga Michele de Moura não deixa a sua filha entrar no mar. Com medo de não ser socorrida num momento de afogamento ou ataque do animal, ela evita frequentar áreas sem a presença do efetivo.

“Isso é péssimo. O turismo principal da cidade é ir para a praia. Então, deveríamos ter muitos salva-vidas e uma equipe de segurança. Isso é uma carência que deveria ser modificada”, pontuou.

Barraqueiro há 27 anos, Roberto Pereira, 48, disse que nunca viu faltar bombeiros no ponto onde estabeleceu seu comércio. Porém, ressalta que aquele local é considerado uma das 'áreas nobres' da praia e lamenta que a realidade não se repita ao longo de toda a faixa de areia. “Aqui tem um ponto perigoso de corrente. Os salva-vidas ficam olhando e mandam sair da água quando alguém entra lá. Isso bem que poderia acontecer em toda orla”.

Já José Ivanildo da Silva, 48 anos, serviços gerais, diz não dar chance para o azar. Pensando na sua segurança, ele comenta que sempre vai para a praia no mesmo lugar. “Aqui eu já conheço. Tenho medo de ir num lugar diferente e não ter a proteção dos salva-vidas. Como cidadão acho um absurdo a gente não ter essa mesma atenção em todo o lugar”, conta.